Friday, 12 September 2008

A Dama da Noite - Segundo Capítulo

E eis que estava ela no centro de Londres. Todo o terror que passara em sua vida apenas a tinha deixado mais bonita. Muito parecida com sua mãe, sua pele era quase translúcida, pois evitava a luz do sol. Seus olhos tristes lhe davam um ar de doce melancolia e sua boca era vermelho sangue, por mordê-los de aflição durante todos os seus pesadelos. Seu rosto estava abatido pois dormia mal e só se alimentava depois de desmaiar uma ou duas vezes, afinal não sentia prazer na comida. Seus únicos momento de calma aconteciam quando bebia e, assim fugia de tudo o que se passava em sua cabeça.

Tinha chegado ali por volta das 8 da noite e, como estava exaustaprocurou uma pensão barata onde dormir. Algumas horas depois, foi acordada por mais um de seus pesadelos com o padrasto e resolveu sair à cidade para conhecê-la melhor. A cidade fedia menos durante a noite e as prostitutas que se ofereciam aos pedestres se puseram a chingá-la, imaginando que ela era mais uma a ocupar o ponto. Violet as ignorou por completo, pois tinha levado dinheiro suficiente para dois anos de luxo, não que acreditasse que viveria tanto.

O ponto mais animado da cidade parecia ser uma taberna, onde alguns poetas brindavam às suas fantasias e contavam histórias que creíam terríveis. De repente, surge um anjo, o ideal de perfeição de todos ali. James para na hora sua narrativa sanguinolenta e lhe oferece um copo de whiskey, que ela acaba de uma vez só. Com um sorriso desafiador, ela diz:

- Terais que tentar algo mais forte para me deixar feliz. Terais que contar histórias mais assustadoras que a minha vida para me assustar. E, acima de tudo, terais que ser mais verdadeiros do que jamais fôsteis para sequer me fazer suspirar.

E então se calou e se pôs a ouvir sua narrativa. Era um bom escritor, embora não conseguisse se expressar sobre o amor, como se falasse de algo que não conhecia. Ao final de sua história, e quando estavam quase todos os bêbados desmaiados, Violet decidiu ir para o seu quarto.

Porém, foi seguida por James, que lhe perguntou se poderia subir e conversar um pouco. Ela lhe assentiu com um sorriso agradável.

- O que procuras por aqui? - ela perguntou.

- Procuro um amor pelo qual valha a pena morrer, um sentimento de verdade.

- E como poderias sentir depois de estar morto? Afinal, a morte é o fim de todos os sentimentos, sejam eles bons ou não. Buscas a pureza do amor ou o prazer de uma noite?

- Busco a ti, ao menos por hoje.

- Fizeste sua escolha. - ela disse e, com um beijo selu o destino do jovem poeta. Passou o resto da noite com ele e, no dia seguinte se mudou dali, para não ser mais encontrada. No dia seguinte a este, ele leu sua melhor história aos colegas de taberna, aquela que seria seu grande sucesso póstumo, enquanto tossia suas primeiras gotas de sangue. Duas semanas depois, ele morreu tuberculoso.

3 comments:

Italo Meireles said...

Genial, gostei muito! [/)]

@wannabeblair said...

giovanna, vc eh a pessoa mais terrivelmente enlouquecida e de perfeita narrativa que eu conheço ...
apesar do final trash e triste:

amei !

kissus :*

CA Ribeiro Neto said...

Adorei o final. Mas vamos por parte.

Parece-me que você escreveu os capítulos em dias diferentes, porque há um pouco de diferença entre eles.

O primeiro capítulo eu achei um susto só. Não achei ruim, mas acho que ele deveria ter um ritmo mais lento e mais descritivo. Você tem "perfeita narrativa", como o cara aí falou, e por isso o primeiro capítulo ficou bom, além de despertar o interesse do leitor.

O segundo capítulo está genial. Você passou a descrever mais e ao mesmo tempo, fez a elevação do ritmo, como quase todos os finais pedem. O diálogo ficou ótimo, considero o ponto forte desse conto. E o final é super interessante. Parabéns, dei valor aos textos.

p.s.: por questão de gosto, prefiro as comédias do outro blog! ehruehruehr