E eis que estava ela no centro de Londres. Todo o terror que passara em sua vida apenas a tinha deixado mais bonita. Muito parecida com sua mãe, sua pele era quase translúcida, pois evitava a luz do sol. Seus olhos tristes lhe davam um ar de doce melancolia e sua boca era vermelho sangue, por mordê-los de aflição durante todos os seus pesadelos. Seu rosto estava abatido pois dormia mal e só se alimentava depois de desmaiar uma ou duas vezes, afinal não sentia prazer na comida. Seus únicos momento de calma aconteciam quando bebia e, assim fugia de tudo o que se passava em sua cabeça.
Tinha chegado ali por volta das 8 da noite e, como estava exaustaprocurou uma pensão barata onde dormir. Algumas horas depois, foi acordada por mais um de seus pesadelos com o padrasto e resolveu sair à cidade para conhecê-la melhor. A cidade fedia menos durante a noite e as prostitutas que se ofereciam aos pedestres se puseram a chingá-la, imaginando que ela era mais uma a ocupar o ponto. Violet as ignorou por completo, pois tinha levado dinheiro suficiente para dois anos de luxo, não que acreditasse que viveria tanto.
O ponto mais animado da cidade parecia ser uma taberna, onde alguns poetas brindavam às suas fantasias e contavam histórias que creíam terríveis. De repente, surge um anjo, o ideal de perfeição de todos ali. James para na hora sua narrativa sanguinolenta e lhe oferece um copo de whiskey, que ela acaba de uma vez só. Com um sorriso desafiador, ela diz:
- Terais que tentar algo mais forte para me deixar feliz. Terais que contar histórias mais assustadoras que a minha vida para me assustar. E, acima de tudo, terais que ser mais verdadeiros do que jamais fôsteis para sequer me fazer suspirar.
E então se calou e se pôs a ouvir sua narrativa. Era um bom escritor, embora não conseguisse se expressar sobre o amor, como se falasse de algo que não conhecia. Ao final de sua história, e quando estavam quase todos os bêbados desmaiados, Violet decidiu ir para o seu quarto.
Porém, foi seguida por James, que lhe perguntou se poderia subir e conversar um pouco. Ela lhe assentiu com um sorriso agradável.
- O que procuras por aqui? - ela perguntou.
- Procuro um amor pelo qual valha a pena morrer, um sentimento de verdade.
- E como poderias sentir depois de estar morto? Afinal, a morte é o fim de todos os sentimentos, sejam eles bons ou não. Buscas a pureza do amor ou o prazer de uma noite?
- Busco a ti, ao menos por hoje.
- Fizeste sua escolha. - ela disse e, com um beijo selu o destino do jovem poeta. Passou o resto da noite com ele e, no dia seguinte se mudou dali, para não ser mais encontrada. No dia seguinte a este, ele leu sua melhor história aos colegas de taberna, aquela que seria seu grande sucesso póstumo, enquanto tossia suas primeiras gotas de sangue. Duas semanas depois, ele morreu tuberculoso.
Friday, 12 September 2008
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3 comments:
Genial, gostei muito! [/)]
giovanna, vc eh a pessoa mais terrivelmente enlouquecida e de perfeita narrativa que eu conheço ...
apesar do final trash e triste:
amei !
kissus :*
Adorei o final. Mas vamos por parte.
Parece-me que você escreveu os capítulos em dias diferentes, porque há um pouco de diferença entre eles.
O primeiro capítulo eu achei um susto só. Não achei ruim, mas acho que ele deveria ter um ritmo mais lento e mais descritivo. Você tem "perfeita narrativa", como o cara aí falou, e por isso o primeiro capítulo ficou bom, além de despertar o interesse do leitor.
O segundo capítulo está genial. Você passou a descrever mais e ao mesmo tempo, fez a elevação do ritmo, como quase todos os finais pedem. O diálogo ficou ótimo, considero o ponto forte desse conto. E o final é super interessante. Parabéns, dei valor aos textos.
p.s.: por questão de gosto, prefiro as comédias do outro blog! ehruehruehr
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